segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mar de Sonhos



Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas, 
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza 
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.