De mil cores, o pincel escolhe as pardas
Na paisagem, o rosto de um menino
E lhe retrato as sardas,
Mesmo que seus olhos de cores seja um ninho
Resta-me entender e contentar-me
Com o neutro da paisagem
Pois a cor se esconde
Quando a busco ao longe...
Porquanto as cores dormem quando
A natureza quer passar mensagem.
Em sopro baixo e sem cor aparente,
Sem proeza ou som estridente.
As cortinas de meus olhos, então
Se fecham.
E até os jogos do menino cessam.
Recolho dentro as cores que me restam.
Encontro no âmago o esconderijo
Das cores que ao longe
Não se expressam
Por trás do pano, num só ângulo se mistificam
Ali, as sardas em sorriso se esticam
E da cor parda
Vejo agora paisagem pintalgada.
Eis que o tom também descansa
E se é puro silêncio o teu canto
E se o horizonte, no outono, não alcança
O mais profundo sono é teu recanto.
Mariana Melo
1 comentários:
Lindo!
O eu-poético está amando?
Postar um comentário