segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Mar de Sonhos



Entre meus dedos escapam os Sonhos,
Cenas aladas de um tempo já vivido.
Cenas turvas à deriva
De ondas fortes e um vento ávido.

É tesouro escondido esse Sonho.
Em baú imenso,
Mas de essência acordada.
Sob mar insano,
Em nau há tempos ancorada.

Encontrá-lo é meu desejo.
Passo meus dedos por mil mapas,
Tecidos com as cordas castas
De meu peito em arpejo.

Aos sete mares clamam alto
Os meus lábios:
- Onde estás, Sonho, que da vida é arauto?
Se entre estrelas, 
Serão minhas fibras os astrolábios!

Se entre marés
Serei leme, vela e convés
A buscar-te oceano a fundo
Enfrentar o mundo, leviatã, fúria e revés.

Mas se estiveres na profundeza 
de meu próprio Ser, calo o meu apelo.
Pouco vale minha destreza...
Inútil é procurar,
Para encontrar basta vivê-lo.

Recordo que entre meus dedos tão aflitos,
Os Sonhos escapavam.
Mas ao deter os monstros que avançavam,
Começaram minhas mãos a esculpi-los.

Avisto em mim, a calmaria.
Se acalmam os lemes, o timão e as velas.
Eis que os Sonhos viverão enfim
Se de meu coração faço olaria
Concha nobre a moldar pérolas.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Outono






De mil cores, o pincel escolhe as pardas

Na paisagem, o rosto de um menino
E lhe retrato as sardas,

Mesmo que seus olhos de cores seja um ninho

Resta-me entender e contentar-me
Com o neutro da paisagem
Pois a cor se esconde
Quando a busco ao longe...

Porquanto as cores dormem quando
A natureza quer passar mensagem.
Em sopro baixo e sem cor aparente,

Sem proeza ou som estridente.

As cortinas de meus olhos, então
Se fecham.
E até os jogos do menino cessam.
Recolho dentro as cores que me restam.

Encontro no âmago o esconderijo
Das cores que ao longe
Não se expressam

Por trás do pano, num só ângulo se mistificam

Ali, as sardas em sorriso se esticam
E da cor parda
Vejo agora paisagem pintalgada.

Eis que o tom também descansa
E se é puro silêncio o teu canto
E se o horizonte, no outono, não alcança
O mais profundo sono é teu recanto.


Mariana Melo

terça-feira, 17 de maio de 2011

O que Há Lá Fora



- O que encontrarei lá fora tem a ver com meus sonhos?

Esta havia sido a última pergunta de Tom Camplot ao seu Mestre, o qual, por sinal, era uma árvore. 
    Não raro o mais jovem dos Camplots se dirigia a certa parte do Jardim Real, onde se enfileiravam tortamente alguns ciprestes plantados mais ou menos no início dos tempos. E o mais antigo desses ciprestes, de quando em vez, dava-se a conversar com uma certa espécie de seres humanos.
E Tom Camplot pertencia a essa espécie, cuja característica principal era uma inquietude interior diante dos mistérios da vida, a qual planta no semblante desses homens e mulheres um olhar penetrante quando se vêem olhando para a face cheia de véus daquilo que não conhecem e anseiam por conhecer. Esta inquietude confere-lhes também uma audição mais acurada em lugares não desbravados, possibilitando escutar mais além dos sons e ruídos comuns. E, por último, eles possuem um tato nada ordinário para com os próprios sentimentos e pensamentos, sobretudo para com aqueles mais misteriosos, cuja origem e destino estão velados.
E tudo isso conferia aos Camplots um humorado desdém ante às pequenezes da existência cotidiana e um notório desapreço pelas regras e convenções que tolhiam as potencialidades humanas, tais como normas a proibirem conversas com árvores.
E na época e no lugar em que vivia Tom Camplot havia muitas destas normas.
Ainda assim, ali estava Tom Camplot, encurvado na sua má postura de garoto que ainda não chegara aos quinze anos, arrancando folhas secas da grama, aguardando a resposta de Arthô, o cipreste, o qual parecia ter ido até o núcleo da Terra com suas raízes buscar palavras, qual era o tamanho da demora para responder.
De quando em vez, as folhas mais altas do cipreste se arqueavam numa forma semelhante ao sobrolho humano; mas diante daquela pergunta seus olhos de árvore estavam fechados, pois cada uma de suas folhas era cúmplice de uma profunda meditação.
 Apenas após uma brisa continuada, a qual varreu cada galho e pôs em movimento cada ramo, resultando num som de folha mais vento que - para uma árvore, equivalia a um longo suspiro - Arthô falou:
- poucos homens sabem, Tom, mas são os próprios homens os moldadores de suas realidades. Tudo o que vemos, escutamos, tocamos ou sentimos tem uma raiz tão profunda e distante quanto as minhas raízes estão das folhas da copa. Tamanha é esta lonjura entre raiz e copa que muitas dessas folhas, lá em cima, julgam que foram posicionadas lá por uma borboleta,e não por causa de uma raiz tão misteriosa e oculta, a qual sequer crêem existir...
Tom lutava para acompanhar aquela explicação, a qual, como todas as anteiores, vinha na forma delgada que somente uma árvore conseguia transmitir. Mas sua tenra mente simplória de menino lhe traduzia as palavras do cipreste, tirando a seguinte conclusão: as coisas concretas não surgem do nada, porque elas têm um planejamento e antes de nascerem na forma, nascem no pensamento. Nada vem do acaso, tudo tem uma raiz, uma origem, um sentido de ser e uma finalidade.
- ...vou dar-lhe um exemplo: o carpinteiro, antes de expor suas magníficas cadeiras na feira de domingo precisa anteriormente fabricá-las em sua marcenaria. E antes de fabricá-las, ele precisa desenhá-las, projetá-las num papel. E antes mesmo do papel, meu bom rapaz, o carpinteiro precisa imaginar, em algures do seu pensamento, a cadeira com seus detalhes e ornamentos. E, se for um carpinteiro amante de sua profissão, sonhará com seus móveis , sonhará com uma cadeira perfeita noites antes de chegar a tocar a madeira rústica.
Arthô experimentava uma sensação de alegria serena, pois ao vislumbrar a expressão ligeiramente boquiaberta de seu discípulo, contemplava a certeza de haver retirado do coração do jovem uma erva daninha de dúvida e ignorância, substituindo-a por um grão de pólen de compreensão.
- Então quer dizer que...
Mas Arthô o interrompeu para fechar seu ensinamento com algo que, apesar de poder vir a atormentar Tom, jogaria um pouco de luz em cantos escuros de seu pensamento:
- ... assim como o dedicado carpinteiro, também é o viajante amante da aventura. Isto é, quando o viajante sonha e imagina a trilha e seus percalços antes mesmo de calçar as botas e se pôr a marchar. E quando começa sua jornada, ahh, meu bom jovem, o viajante contempla a trilha como uma velha amiga e salda com sorriso não apenas o oásis, mas também os abismos e dragões... com uma pausa, na qual suas folhas fotossintetisaram mais rápido para gerar-lhe fôlego – ...porque no fundo, o viajante lembrar-se-á que seus sonhos já lhe mostraram tudo isso. E o medo se esvai um pouco quando o desconhecido é o velho conhecido, apenas com uma máscara diferente.
Com aquele desfecho, Tom teve a convicção de que seu mestre lia pensamentos, porque há algum tempo suas malas estavam prontas para partir – malas que se resumiam a uma trouxa surrada amarrada a um firme galho nodoso, o qual poderia servir-lhe de cajado em montanhas muito íngremes –; o fato era que desde há muito seus pés tinham sede de partir para além dos muros de pedra de sua cidade e conhecer as Terras Ermas, seus vulcões, grutas e dragões, como narravam as lendas favoritas.
Tudo o que lhe faltava para partir era uma ordem de seu mestre. E com aquelas últimas palavras, essa hora parecia não estar muito distante.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Que Acaso



Do acaso puxo linhas.
Cai desfiado em fiapos
E tirinhas.

Vai ao chão todo o acaso
Ao revelar desenho 
De tapete bem bordado.

Torço o cenho: 
Tem sentido e foi pensado...
Não é mais acaso
O traço bem pintado.

É história bem contada,
Começo, meio e fim.
De sentido não é mais escasso
Mesmo assim, o olho o vê embaraçado.

Agora, com a linha já puxada,
Teço outra vez
Prosaica arte emaranhada
A revelar tanta história em mudez

E tais antigas linhas sem sentido
  – Ao exame dos meus dedos 
Agora é risco definido.

Cai ao chão todo o acaso
Quando o fio é mais que laço 
Indumentário e adorno

Mas, pincel do invisível
A dar sentido,
 Do infinito ao tenro choro.

E o acaso é falsário,
De verdade rara e para os poucos
A tecerem com os dedos
Os divinos sopros.


Mariana Melo

sexta-feira, 11 de março de 2011

O Atanor




Voltando para casa após a mais onírica das conversas com uma árvore, Tom saltava pelos pontilhados luminosos na grama que eram os próprios reflexos das estrelas. Lá onde e quando vivia Tom Camplot as estrelas com seus brilhos ainda encontravam caminho através da atmosfera para baterem no chão da Terra, ensaiando os homens para o que um dia chamar-se-ia eletricidade.
Naquela noite os pés de Tom pontilharam o que lembrava muito a imagem de um tigre de cenho muito, muito enrugado e isso nunca havia sido sinal de que alguém encontraria flores pelo caminho. Contudo, ao virar a primeira viela empedrada da parte do reino onde moravam lavradores e artesãos, o mais jovem dos Camplots quase tombou com a florista da cidade, Artemis Camplot, carregando as últimas mudas de lírios brancos da noite trazidos na maior das clandestinidades, pois os três sinos já haviam batido.
“Mamãe! o que a senhora está fazendo aqui fora! Sabe que não podemos ser pegos mais uma vez!” – exclamou Tom, deixando o susto para assumir um tom de impaciente reprovação.
“Você sabe que os lírios não podem viajar durante o dia, Tom.“ – explicou Artemis com uma paciência pouco usual para alguém ao ar livre após as três badaladas. Geralmente, quando alguém estava ao ar livre após as três badaladas o timbre da voz tremia, aflito e rouco.
Caminhando juntos com certa cumplicidade partilhada, pois ali estava alguém que conversava com árvores e alguém que arriscava a própria integridade física pelo bem estar de flores, os últimos dos Camplots carregavam uma paz que pouco existia naqueles tempos, fruto da combinação entre a coragem dos Camplots e o pouco apreço pelas regras infantis da época em que viviam.
Apreciava aquelas pequenas aventuras com sua mãe, a qual nunca o incentivara a bajular as leis emanadas de um rei fraco. E na caminhada cheia de culpa ignorada, pela segunda vez naquela noite, Tom Camplot lembrou-se da trouxa amarrada sob sua cama, junto com um mapa das Terras Ermas. Por lembrar-se da sua iminente partida, disse adeus em pensamento às ruas conhecidas. Por isto também lançava vários olhares ao rosto de sua mãe, despedindo-se num mudo adeus.
Tomou um pouco de lírios dos seus braços para aliviar-lhe o peso, admirando-se com sua calma, a fronte queimada de sol onde nasciam as primeiras rugas e estas apenas de vez em quando deixavam seu rosto, pois apenas de vez em quando ela deixava de sorrir. Encantava-lhe tudo, e gravava na memória as unhas eternamente sujas de terra,  os galhos e folhas a tecerem para sempre morada em seus cabelos cor de vime.
Mas o pontilhado de tigre continuava no chão e se Tom havia topado com flores até ali isto havia sido puro erro de configuração do encadeamento de acontecimentos daquela noite. De modo que tudo começa a entrar nos eixos e o tigre refletido sob seus pés começou a fazer sentido quando duas sombras no dobrar da esquina começaram a inchar no chão.
 De solavanco Tom conduziu Artemis para uma fenda num muro que outrora emurecia* mais do que um lote árido. Mas, por sua vez, ficou exposto, com o peito arfante escondendo o rosto com os lírios numa camuflagem quase cômica.
“ entre aqui, sabe que não pode ser pego mais uma vez!”
Exclamou Artemis numa bronca fora de hora para o filho.
“não vê que não tem espaço!” o sussurro nervoso, mais alto do que deveria, provocou um movimento brusco nas sombras que logo tropeçaram ao tentarem se postar em posição de ataque de forma muito amadora.
Com as últimas palavras, Artemis cerziu o pulso do filho com seus próprios dedos livres, puxando-o para a fenda que misteriosamente revelou-se um corredor.
“que raios...!”
“fique quieto, eles ainda podem nos ouvir.”
Caminharam sobre o que pareciam ser peças de artefatos de minério há muito abandonadas; com isso Tom pisou na ponta curva de um martelo, fazendo com que o cabo da ferramenta, por reação, golpeasse sua canela. Seu rosto encheu-se de dor segurada por um monte de ar de grito comprimido por suas bochechas.
“aonde estamos indo?!”
Mas Artemis não respondeu, apenas continuou a marcha já conhecida de seus pés que não pela primeira vez escapavam pelas passagens desconhecidas da cidade. Caminharam por bem uma hora, ao fim da qual respiraram o ar da noite ornado por estrelas e duas luas a mais.
“e agora, pode me dizer o que foi aquilo?”
“uma entrada para o jardim real, ou não está reconhecendo aquela árvore ali adiante” – Respondeu Artemis com a ponderação de quem parecia estar tomando chá, e não fugindo noite afora. Mas tinha razão, aquela era uma parte do jardim real em que as pessoas da cidade podiam freqüentar, e, sim, logo adiante repousava Arthô, o Cipreste Sábio, na plena imponência dos pinheiros.
[...]
“Sabe, Tom, há muito tempo os sábios ainda se sentavam ao redor de fogueiras e conforme fosse a audiência revelavam mistérios que há muito foram trancados debaixo da terra. Um deles, - e o único que cheguei a escutar - falava sobre o Atanor do Coração. Um lugarejo no coração de cada homem onde nada permanecia bruto. O problema é que quando se falava em atanor** logo surgia a problemática do espaço, sobre a qual argumentavam que um trambolhão desses não caberia no peito de ninguém.”
Artemis girou os olhos como da mesma forma como fizera quando criança, diante dos racionalismos angulares dos adultos.
“Mas nós, crianças percebemos logo que esse atanor não cabia no peito mesmo, mas sobrava espaço na imaginação e ali... ah... ali nada permanecia bruto como o chumbo.”
Por um momento o garoto e a árvore foram contagiados pelo suspiro de Artemis, vagando os olhos pelo céu como se não houvesse seres encapuzados num raio curto de distância procurando por eles. Enquanto escutava atento à história, Arthô providenciou duas folhas de sete copas enrolando-as com seus galhos mais articulados no formato de um copo rústico e mole, os quais encheu com doce suco de raiz tirado de três de suas próprias folhas retorcidas ao extremo e os estendeu aos dois humanos.
Com um aceno de gratidão, Artemis continuou, tomando um gole do líquido terroso:
“Achei prudente contar-lhe isso, Tom, porque me parece que logo logo você não poderá recusar algo que lhe transmute o medo em coragem. E esse mágico artefato que te falo deve acordar em você com esta história – numa pausa olhou fixamente para o coração do filho, o qual sentiu o frio da noite varrer-se do seu tórax - E talvez isso te ajude não só a transformar como a criar coisas novas...”
 
                                                                                                                                                          
*emurecer: colocar muros, cercar com muros de pedra, concreto.
**atanor: antigo caldeirão utilizado pelos alquimistas para, dentre experimentos, produzirem a pedra filosofal, capaz de transmutar chumbo – ou outros metais de bruta inferioridade – em ouro.                    

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

The Naked Thought






The pure sound flows
From the childish heart
It grows,
Without clothes or mask.

When the brand approaches
The iron goes cold  
Nothing can't melt its laces
Even when someone
With fists attached so told.

Because the chaste pure thought
Can't bear any ashes.

The naked thought stay
Calm. Has no fear or need
No claims for someone to say
“here is a blanket warm”

It’s the whole in its littleness
It’s the adult finding
Answers in its own hiding
Innocent bareness.


Mariana M.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Emurecer



Acontece que vez por outra Tom Camplot se dava a conversar com árvores, mais especificamente ciprestes, mais especificamente Arthô, o mais antigo dos ciprestes plantados na parte do jardim real em que as pessoas da cidade podiam freqüentar.
E naquele dia uma coruja magra anteviu o tamanho da conversa e se aconchegou sob as asas para embarcar num bom cochilo.
- sabe Arth, não entendo a falta de sede dos pés das pessoas que ficam na cidade para sempre – indagou Tom, numa indignidade serena, meio revoltado meio sonhador, domado pela imaginação lúdica sobre o que poderia encontrar fora da aldeia – Com tanta montanha emurecendo* os bairros, como não ter sede de ver o que está além?
- ah, meu jovem, acontece que nem todos os homens já se deram conta de que são homens e não árvores. Muitos ainda acordam e maldizem os próprios pés por serem obrigados a marchar, desejando mesmo é ter raízes... – a árvore, sentindo uma comichão nas próprias raízes ao dizer a última frase, fez tremer de leve a terra abaixo de si, acordando a coruja com um pio frustrado.
- e o que são os homens que maldizem as raízes querendo mesmo é voar? – aqui, o pensamento do garoto voou para a trouxa amarrada num galho escondida sob sua cama, junto com um cantil de couro e um mapa roto do oeste das Terras Ermas.
- esses têm um pouco de ave dentro deles, já entenderam que raízes são para os que não aprenderam a andar e descobriram dentro de si algo que veio de muito longe e agora quer voltar. – de vez em quando os galhos mais altos de Arthô se arranjavam de molde a parecerem olhos, e naquela altura da conversa esses galhos analisavam o garoto com uma desconfiança acertada de que o mais jovens dos Camplots era um homem ave.
- isso quer dizer que de alguma forma esses homens já estiveram nos lugares que hoje só aparecem em sonhos? – com isso, seus olhos nas nuvens desceram ao chão como um raio e sentou-se de um salto ao lembrar-se da noite anterior em que seu sono fora palco de um duelo etéreo com dragões de vento – mas isso seria impossível! Minha família não deixa a cidade há três décadas!
- hohoho o que te faz pensar que algures dos sonhos são mais impossíveis do que o mundo concreto da feira de domingo? Não deixe que seus pensamentos também criem raízes, meu bom rapaz. – com um de seus galhos mais perto do chão conduziu as costas do garoto de volta à grama – se queres chamar alguma coisa de impossível, chame os sapatos de cetim lilás do rei de impossíveis, não os sonhos!
- você tem razão, esses são impossíveis... – com um rizinho contido Tom  voltou a contemplar o desenho dos galhos do Cipreste sob o céu claro, reunindo coragem para perguntar o que há muito lhe atormentava: Arth, o que encontrarei lá fora tem a ver com meus sonhos?
...

*Do neoverbo “emurecer” – colocar muros; cercar de muros; construir muros ao redor.