quarta-feira, 1 de junho de 2011

Outono






De mil cores, o pincel escolhe as pardas

Na paisagem, o rosto de um menino
E lhe retrato as sardas,

Mesmo que seus olhos de cores seja um ninho

Resta-me entender e contentar-me
Com o neutro da paisagem
Pois a cor se esconde
Quando a busco ao longe...

Porquanto as cores dormem quando
A natureza quer passar mensagem.
Em sopro baixo e sem cor aparente,

Sem proeza ou som estridente.

As cortinas de meus olhos, então
Se fecham.
E até os jogos do menino cessam.
Recolho dentro as cores que me restam.

Encontro no âmago o esconderijo
Das cores que ao longe
Não se expressam

Por trás do pano, num só ângulo se mistificam

Ali, as sardas em sorriso se esticam
E da cor parda
Vejo agora paisagem pintalgada.

Eis que o tom também descansa
E se é puro silêncio o teu canto
E se o horizonte, no outono, não alcança
O mais profundo sono é teu recanto.


Mariana Melo

1 comentários:

BC disse...

Lindo!
O eu-poético está amando?